O município de Leiria, mais concretamente a freguesia de Amor, vai ter uma central de produção de biometano a partir de efluentes pecuários e outros subprodutos orgânicos.
De acordo com um comunicado conjunto da Câmara Municipal de Leiria e restantes empresas envolvidas no projeto - Ambilis e Genia Bioenergy -, esta central produzirá 107GWh/ano de biometano, o suficiente para cobrir 35% das necessidades do município de Leiria.
"Este biometano é um gás com as mesmas características do gás natural, mas de origem renovável, que pode ser injetado na rede de distribuição e utilizado pela indústria, pelo sector doméstico ou pelo automóvel", esclarece a nota de imprensa.
A central prevê ter um posto de abastecimento de BioGNC/BioGNL para recarga de veículos movidos a gás "que favorecerá uma mobilidade mais sustentável e descarbonizada em Leiria conseguindo ao mesmo tempo uma recuperação energética e agronómica do estrume animal".
O projeto, que já iniciou a sua fase de processamento e a sua construção poderá começar dentro de um ano para estar operacional em 2025, foi apresentado esta terça-feira, 19 de setembro, e comprometido num acordo assinado entre a Câmara Municipal de Leiria, a Ambilis e a empresa espanhola Genia Bioenergy, na presença do secretário de Estado da Agricultura, Gonçalo Rodrigues.
A unidade vai ocupar um terreno de 5 hectares e vai transformar quase toda a produção de chorumes e estrumes de gado e de galinha do distrito em biometano, água regenerada e corretivos orgânicos para utilização agrícola, informou o comunicado.
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Leiria, Gonçalo Lopes, a central de biometano irá evitar a emissão de 320 mil toneladas de CO2 eq/ano, reduzindo assim as emissões de gases dom efeito de estufa e contribuindo para a descarbonização da economia ao substituir o gás de combustível fóssil por gás renovável.
"As lagoas de água recuperada serão um recurso valioso em caso de incêndios florestais e os fertilizantes e corretivos orgânicos permitirão uma agricultura mais sustentável sem depender de produtos químicos provenientes do estrangeiro."
O projeto inclui também a criação de um centro de I&D&I em colaboração com centros de investigação locais para investigar novos processos de produção e utilização de fertilizantes a partir do digerido.
Segundo o mesmo comunicado, evitará também a "poluição dos solos e dos aquíferos por nitratos, uma vez que, após o processo, o azoto contido no chorume muda de formulação, tornando-se um composto absorvido pelas plantas e deixando de se acumular no solo".
Com um investimento direto de 25 a 30 milhões de euros e a criação de até 65 postos de trabalho diretos e indiretos, a instalação desta infraestrutura já se encontra na sua fase de licenciamento, prevendo-se que o início dos trabalhos possa decorrer num prazo de um ano, para entrar em funcionamento, como referido, em 2025.