O dono da Quinta da Galega, Rui Cordeiro, que morreu este sábado dia 1 de Fevereiro, no fundo de uma fossa de seis metros, que servia a sua pecuária, era um verdadeiro homem das Árabias, diz quem o conheceu bem e tem noção da fortuna que acumulou ao longo da sua vida de empresário. A sua morte e de um dos seus filhos está a comover a freguesia da Carregueira, concelho da Chamusca, onde se situa a Quinta da Galega, que tem mais de mil hectares e é um investimento fora do comum para a região.
Rui Cordeiro, empresário natural de Leiria, ligado a vários negócios, morreu dentro de uma fossa na sua pecuária na Chamusca, quando tentava prestar ajuda a um dos seus funcionários. Com Rui Cordeiro morreu ainda um dos seus filhos, Gonçalo Cordeiro, 30 anos, que também foi em auxílio de Bruno Rodrigues, o funcionário que trabalhava na fossa e que terá sido o primeiro a morrer nesta tragédia. Salvou-se o filho mais novo, Rafael Cordeiro, 20 anos, que também foi acudir ao funcionário, e depois ao pai e ao irmão; está internado no Hospital mas segundo se sabe livre de perigo.
“Rui Cordeiro era um homem das Arábias mais do que um latifundiário”, diz quem o conhecia bem, e que lamenta muito a sua morte. A Herdade da Galega, na Carregueira, era um dos seus projectos empresariais mais interessantes, e de certa forma megalómano, mas que estava a começar a ser notícia na região pelos investimentos que entretanto estavam a ser realizados. Tudo começou pela instalação de uma pecuária de criação intensiva de porcos, que levou a grandes investimentos na área ambiental, que chegaram a causar preocupação na população da freguesia. Com esses investimentos começaram a surgir projectos ligada à produção de biomassa, energia solar, floresta, zona de caça, entre outros, numa área de mais de mil hectares comprada à família do professor Moncada, que foi uma figura da freguesia.
A propriedade esteve abandonado durante muitos anos, foi ocupada a seguir à revolução do 25 Abril, e serviu nesses tempos de abandono para o exercício militar das forças armadas sediadas no Campo Militar de Santa Margarida já que os territórios fazem fronteira.
As notícias que têm saído na imprensa sobre o facto de a propriedade servir de turismo rural e zona de caça associativa não são verdadeiras, uma vez que a propriedade é vedada, bem vigiada, e os acessos só são permitidos ás pessoas que trabalham na Herdade. Mas é verdade que a propriedade está cheia de animais, alguns exóticos, que servem para caçar mas, segundo fonte bem informada, só os amigos e familiares gozavam dessas regalias.
Rui Cordeiro comprou a Herdade da Galega há cerca de 15 anos e as obras de recuperação da casa principal da propriedade foram inauguradas alguns anos depois com a presença de muitos amigos de Leiria, de onde era natural, assim como de algumas pessoas da Chamusca, nomeadamente técnicos que também trabalharam para ele.
Rui Cordeiro tem vários negócios em África e no Brasil, e era proprietário de outras empresas como a Lisotel, Captágua e Tubofuro, que representam apenas uma pequena parcela da sua vasta fortuna e interesses económicos.
Tinha avião particular, que era o sinal mais evidente do seu pequeno império, construído em poucos anos, também com a ajuda do seu pai, de quem herdou as empresas que lhe deram a oportunidade de se fazer um empreendedor e um homem de negócios de sucesso.
O MIRANTE falou com vários populares da Carregueira que confirmam que Rui Cordeiro era visto a frequentar o restaurante da Ponte da Chamusca, ou a Taberna da Rita, um restaurante do Pinheiro Grande, mas ultimamente com menos frequência.
“Era um tipo do terreno, às vezes rude mas sem peneiras, sempre a trabalhar; agora andava a lotear uma pequena parte da Herdade da Galega, junto à zona do Parque do Relvão, para vender a investidores, mas também há poucos anos mandou arrancar um eucaliptal para semear feno de forma a minorar o impacto da pecuária”, disse a O MIRANTE um empresário da Chamusca que conhece bem o terreno e os interesses instalados.
O Mirante
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